ADAMANTINO
Você sempre
estraga tudo,
apodrece meu universo...
Em suas gavetas:
coquetel molotov,
picas de sexshop
que não sentem prazer,
óculos de grau forte,
e um pente de 45
para varrer o mundo
míope.
Na sua ótica,
notas de escândalos
são estrondos orgásticos.
Dirijo-me ao seu hipnotismo
pela diagonal
e bloqueio o trânsito
lançando pétalas
aleatórias.
Candeeiros acesos,
vaga lumes piscando,
tudo em sua volta brilha,
mas minhas fechaduras
permanecem trancadas,
sorrio desconfiado,
quando me desejas
- Boa-noite.
Percebo pelo tom da sua voz
que não foi um desejo legítimo,
você sempre estraga...
Luciano Fraga
25 comentários:
a marca de luciano fincada no poema, como ...varrer o mundo miope.
Na sua ótica...
um poeema que não deixa duvidas quanto ao mundo do autor.
eu diria que o poeta luciano fraga ao escrever poesias começa a soltar pistas para o leitor descobri tanto o poeta quanto o mundo deste poeta.
Luciano, li várias vezes e me emocionei em todas. "Você sempre
estraga tudo,
apodrece meu universo...
ao contrário de você, que só encanta o meu. Lindo mesmo. Beijo.
é o dom de colocar em versos uma relação em conflito, sem panos quentes. beleza de construção =)
abraço
Muito bom e a tela é fantástica.
Abraço.
Adriana, o encantamento é total e recíproco, muito obrigado, grande abraço.
Ruela,adoro o estilo Munch, é genial!Grande abraço.
Cosmunicando, isto,a verdade crua,obrigado, abraço.
Braga, este é o nosso mundo "tresloucado",zarolho e os cegos atirando a ermo,grande abraço.
Isso é um crônica do mundo contemporâneo em poema. Lembrei-me de uma frase de Sartre:o inferno são os outros.
Sempre haverá quem apodreça o universo com coquetéis molotov e pentes de 45.
Está tudo fantástico: imagem, poema!
Orgulho-me de ti!
Beijos.
Bat_,bem que tudo poderia ser muito melhor,mas alguns estragam. Prazer enorme desfrutar de sua amizade e do balanço de suas opiniões, beijo.
Riso virtual, típico de chat
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
chapei mas não entrei em choque
porque sou um raro compaixonista
daquele que questiona tudo tudo
na finalidade única da esperança
então digo que Sartre foi sacana
preguiçoso e um adamantino +foda
Se o inferno são todos menos eu
opa, que legal, vou foder tudo!!!!
Aquele abraço
Essa frase de Sarte é o ponto alto da peça Entre Quatro Paredes e gira em torno de 3 personagens que estão confinados em um quarto fechado e funcionam como espelhos uns dos outros a todo momento. O Inferno são os outros, na verdade é a constatação de quese dependemos unicamente dos julgamentos e das ações dos outros, abdicando de nossa liberdade essencial e intransferível, criamos nosso próprio inferno, queimamos na fornalha alimentada por nossos próprios medos, pela má-fé, pela incapacidade de autonomia. Os outros não são necessariamente os causadores do meu sofrimento. Eu mesmo faço do outro o carrasco de minha tortura. Em segundo lugar, a situação exposta na peça refere-se a pessoas mortas, a existências para sempre definidas e que se tornaram, desse modo, definitivas, imutáveis, fixas, congeladas como a estátua de bronze. Denuncia, portanto, aqueles que, ao negarem sua liberdade, preferem morrer em vida, como se pudessem coagular o sangue da existência. Estão mortos-vivos, penando no inferno ainda vivos. Para muitos, não é preciso morrer e muito menos sofrer a tortura dantesca para descer ao inferno...
Portanto, na concepção existencialista o inferno é simbólico: somos homens e nossa condição humana é a liberdade. Negar tal fato é condenar-se voluntariamente ao inferno, sem haver o deus da absolvição e o demônio da tentação e da culpa. Em suma, não há desculpas, não há tábua da salvação.
Eu suma, Bat citou esta frase incidentalmente, pois há um quê existencialista no sofrimento do eu lírico quando se depara com apodrecimento de seu mundo através do outro.
Enfim, o comentário acima foi desrespeitoso com o blogue, com o Sarte e com a Bat.
Beijo, Luciano.
Bat escreveu um bom poema depois de muito tempo e fez-te uma dedicatória logo no primeiro comentário.
Beijo gordo.****
Caramba, se há, de fato, desrespeito com a Bat, meu Deus,
perdão, não sabemos o que fazemos.
Perdão tambem Bat, apesar que não havia exatamente foco crítico sobre o seu comentário.
E voce Biazinha, tão bela e livre,
por favor, releia novamente o meu comentário. Quem sabe perceba, entre imagens dantescas, o mundo real, que não é exclusivo de ninguem.
Braga, sensacional essa evolução.
E que pintura tão íntima ainda deste Tempo!!!!!
Aquele abraço, tambem nas meninas
Caro Devir,a poesia tem mesmo este papel(polemizar), não acredito em poesia ou literatura de consenso, fiquei meio sem entender o que te provocou o riso(kkkk...).Bat_ captou perfeito o fundo existencial do texto.Acredito no inferno(simbólico,claro) mental, oriundo de nossas próprias aflições.Cada um projeta,constrói, ornamenta, decora seu inferno.Por outro lado Sartre afirma:" todo homem é condenado à liberdade...".Vejo que se esta for utilizada de forma inadequada, futilmente(tipo: vou botar para fuder), servirá apenas como mais um utensílio para enfeitar nosso próprio inferno interior, sairá um tiro no pé, ninguém é vítima de nada.Tá tudo certo, discussões são saudáveis, grande abraço.
Muito me agradou o teu "Vaga lumes", um alento numa noite em Santo Amaro e numa manhã modorrenta rumo a Salvador.
Caro poeta Herculano, fico muito feliz com seu comentário, também assistir ou melhor fiz a releitura várias vezes do seu Cinema, grande abraço.
Luciano, foi perfeito e
se entendi, após a condenação
criamos nosso inferno, mas daí
vem o Cara e diz: "são os outros"
Assim estaremos no céu! Bacana
No céu encontro então muitos VOCE:
pessoas que podemos tratar assim e
assim conjugamos o verbo conviver
E o resto, no mínimo
vai para o inferno da indiferença,
bem distante "simbolico, é claro"
daquela conjugação ENTRE NÓS
O riso sonoricamente irônico
é porque, além de tão bela poesia
demonstrar o medo masculino original, tambem uma
original demonstração
do mito do eterno retorno
a melhor e única vez que podíamos
estar separado de verdade
e de verdade
condenados à Liberdade
Aquele abraço
é desabafo confessional.
sincero toda vida.
maravilha!
Caro Devir,que beleza de comentário, muito inteligente mesmo as suas colocações,apenas acho que não existe condenação desde quando nós criamos, aquele abraço.
Camila, sinceridade existencial.
d. luchiano em plena forma.
do caralho!
"você sempre estraga... "
conheço uns seres assim...
rsrsrs
abs
Forte como um diamante, dificil de botar no papel...mas eu continuo "dirigindo-me ao seu hipnotismo pela diagonal" sendo assim mesmo presa de teus versos...lindo, muito lindo teu poema!
Buenas, sempre encontramos com umas figuras assim, "desmancha prazer",é assim a vida, abraço.
Zana,gostei do diamante, eles cortam vidros, obrigado, abraço.
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