segunda-feira, dezembro 13, 2010

RESCALDOS

A minha náusea nasce

nos interstícios da falta de tempo

na prevenção erótica

na gratidão galáctica

nos bêbados apoteóticos;

nas sementes de imprecisos rancores.

O meu espelho não retém

o inimigo embaçado...

Coleciono facas,

extirpo organismos estranhos

que embriagam meu tato

e minha falta de senso.

Atiro cerimoniais

do primeiro pavimento.

Espero que não se apresente

trazendo no riso dócil

o excesso,

a lazeira

e o amargo beijo da fome..

Os restos,

ainda persistem...


Luciano Fraga

35 comentários:

Sueli Maia (Mai) disse...

"Existirmos a que será que se destina?" E apesar de todas as tarjas - a náusea é fato e não estamos a salvo de nada.

Baita texto!

abraços, Luciano

Braga e Poesia disse...

coleciono facas....
luciano fraca a poesia pode ser uma faca molada na garganta do inimigo e pode ser uma agua de coco pra um sedento.
seus poemas avançam e a alma humana vai sendo devassada, pois o que faz um poema alem de devassar as almas?
pode ser que tambem saia em busca das almas perdidas em corpops tristes e andantes.

Ana Lago disse...

Olá Luciano,

Se não houvesse as quedas,como´
iríamos levantar com mais determinacão para proseguirmos??
Belo poema,
Abraço,


Ana.

Unknown disse...

Luciano!

Rescaldos, sempre dá náuseas e o amargo beijo da fome, pode precisar de você.

Beijos, poeta!

Mirze

Luciana Lís disse...

e quem nunca foi bêbado apoteótico?
gostei dos versos, vicerais!

Abraço!

Devir antes dos nome disse...

Austero... o que são os mortais
se não sombras precoces...?

Luciano, sutil relação ainda àquele poema, ou àquela não súbita opinião.

Descânsia um pouco; que pode
a faca
contra miragens
nossos restos prematuros?

Ah, novamente o tema do sabonete...

"O que é, exatamente por ser tal como é, não vai ficar como está."?

Confesso, caro, tenho saudade do bloggeração, child time, quando também sinto tristeza então bate aquela aquela resistência Engels, que me diz que devo sempre questionar aquelas verdades que qualquer pessoa sabe de cor.
Mas ninguém se diverte ao cortar sobre as cicatrizes.
Ou, talvez, em um devir bem humorado, jamais angelical, ninguém se diverte com qualquer coisa.
Na menina dos olhos sua paz mira o vasio, ninguém sequer é de ferro, quem nos dera fosse desse aço, que o poeta nunca usaria em vão, nem em si mesmo.
Voce está certo, amole-se, recupere os velhos sonhos antes de acordar e enfrentar sua surpresa.
Se afio-me às flores, é que não se fazem mais os cães ferozes; até acreditam que as fêmeas protegem melhor uma propriedade.

Não creio - maldito espelho natalino - em vampiros socializados

. disse...

Olá, tudo bem!!!

Segue abaixo meu e-mail

josafacosta@live.com

Adriana Godoy disse...

Luciano, que poemaço!!

"Coleciono facas,

extirpo organismos estranhos

que embriagam meu tato

e minha falta de senso."

Maravilhosos versos, especialmente esses.


Cad vez mais, vejo como amadureceu em todos os sentidos!

Beijo

Anônimo disse...

Você coleciona 'facas" ó godoy!
Cuidado para não desceparem seu PESCOÇO,de tão gordo que é.

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir,sempre, sempre uma satisfação e pouco importa! O tempo tá escasso demais,tenho tido dificuldades para postar e devolver os coments dos amigos. Estou aproveitando os intervalos com "o discurso competente e outras falas" Marilena Chauí, uma herança que você me ensinou a conhecer e gostar, grato...Volto com mais calma amigo, bom domingo de azeitonas, abraço.

Luciano Fraga disse...

mai amiga,num mundo em convulsão, muitas coisas ainda nos deixam perplexos,e não estamos imunes a esta realidade, muitas vezes imposta. Forte abraço.

devir antes dos nomes disse...

Diria então um interlúdio para se chegar mais feliz neste Natal.

"E gelado se faz o inverno
este que perdi mais que folhas em branco
no pior outono da minha vida."

Aposto que se lembra
desse jeito sangrando
como vale a pena, apenas
para nunca esquecer, Caro

ronaldo braga disse...

fraga, escrevi fraca em vez de fraga. talvez o vinho impediu a minha olhada apurada.
abraços

Unknown disse...

Luciano: Escreva para meu endereço de e-mail que lhe dou o endereço residencial.

e-mail: Mirse03@gmail.com

Beijos e gratidão!

Mirze

Adriana Godoy disse...

Luciano, aguardo com carinho seu livro. Tenho certeza que vai ser um presente mais que especial.

Um beijo

Ruela disse...

Feliz Natal Luciano
para você, família e amigos.

Grande Abraço.

Luciano Fraga disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luciano Fraga disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Adriana Godoy disse...

Recebi e já devorei. Um presente que vou guardar com carinho pra sempre. Como disse, vc está cada vez melhor.
Não li ainda o outro de seu amigo, mas vou ler.

Obrigada mesmo e tudo de bom pra vc hoje e sempre.

Beijo, meu querido poeta.

Devir antes do mundo disse...

Paradoxo do Natal: Ele nasceu em forma de homem... o filho de Deus.
Sabe-se que houve à época vários filhos.
Não tenho nada contra ninguém, e há razão para alguns merecer votos e outros não, se reflitir um pouco mais, vê-se que ninguém merece votos apenas, porque acredito mesmo - deixa parecer estranho, mas compreenda - que negar ou afirmar a existência de Deus, por si, é um ato de violência.

Quem mais tem o poder de negar ou afirmar determinada coisa, em foro íntimo, além dos bandidos e dementes? Somente os amantes.

Luciano, desde sempre lhe considero o único poeta que, embora precária, não derrubou a ponte que liga nossos territórios.
Bastava isso para se criar poetas.

Sua poesia, embora certeza minha, chegou no ponto, quando não mais compete ao autor. É momento de, se preciso, socá-la porta afora.

Um exemplo: "Atiro cerimoniais/ do primeiro pavimento". Sei lá, o inferno de cada um cada um.

[Tanta expectativa não pode acabar com um Homem,
preferível retirar o cérebro, colocá-lo numa vasília sem tampa
e deixar na chuva.]
Outro exemplo, meu, para voce visualizar palavras e idéias presas dentro do meu (algo que sou)
devir antes dos nomes.

ps., no meu exemplo não existe nenhuma sujestão negativa, porém, se alguém encontrar, é pessoal da parte do leitor, ao poeta e à poesia, sem novidades.

Rounds disse...

os restos são interessantes...

buenas!

Devir antes de tudo disse...

On The quê, se for daí, Judas, bem lembrado, filho também, por que não?

Dom Luciano, posso?, assim se escreve a única e verdadeira História que vi nos livros (recomendado oficialmente) nas escolas. Embora nunca os li.

Foi 'acho' interessante minha Santa Ceia. Posso contar? Deve servir à verve poética ou à membrana que ferve ao menor calor.

Fui convidado por uma senhora, Graça, logo no comecinho deste mês, então tive uma resposta simples para os convites posteriores. Graça é viuva, mãe de Nando e Dé. Seu saudoso foi o Zequinha, bebemos muitas junto lá no Pescador. Nesse tempo Nando era um pirralho superando 10 anos, vivia chamando o pai para casa, e sempre o Zéquinha o convencia que "daqui a pouco" é daqui a pouco, passa a mão na cabeça do filho, quando o menino estava meio animado o pai deixava experimentar um gole só de cerveja. Nando não ia muito longe, ficava mais ou menos ao longe desfrutando a presença do pai. Eu o via muitas vezes a se equilibrar nos protetores ao lado da Raposo Tavares, encima de uma árvore de paineira, e porque tenho esse delírio da linguagem era-me exaustivo pensar como enfrentava os espinhos. Nunca vi o final daquelas tardes do Zéquinha.
Ao divorciar, que vim morar com minha Mãe, Zequinha já havia morrido, de cirrose, Graça seguia a vida trabalhando de doméstica fixa, Dé sobrevivendo na linha obscura que separa uma vida fracassada ou casamento - confesso que para mim também foi difícil enxergar tal estúpida linha -, e o Nando, 20 anos, quase imprestável, fazendo bicos de ajudante de pedreiro.
O eterna criança desfeita é como uma bela negra nem totalmente adulta nem totalmente inocente, esta é uma imagem que me dá prazer, as vezes imagino elas tomando banho, as 23 horas tomei banho com uma mulher negra maravilhosa, ela sonhava em ser Bio-oncê mas gozava "si" sendo Nina Simone; se ela enxergasse a diferença eu quase casaria novamente.
Cheguei para a Ceia atrasado 30 minutos, devorei muitas carnes, devorei muito vinho, devorei muitas "novidades" sobre metáforas e mnemônicas da "comunidade" de presépios, devorei Graça da cintura para cima, gafei duas coxas de perú com a travessa, e fui dormir. Outro Natal para me mostrar que estou certo, tal formatação da realidade é "dimais" semelhante a correntes para culpados.

Então, inevitável (?) linchamento tornado politicamente correto, Rocks.

Nina guarda o carro na minha garagem, bate na janela, "voce ficou lá até que horas?"

Então, acordo realmente, e Néia me conta que o Nando e Dé sairam na porrada, chamaram a polícia... Néia está levando a Graça para soltar os dois filhos para "tentar" almoçar em família.

O mundo, mas o mundo mesmo, é de Graça.

Escolhidos e catados com grande esforço para não estupidar meu Verbo. Forte abraço.

Zinaldo Velame disse...

Belo poema, Buenas. A criatividade mora aí dentro de sua mente, pois os seus versos são verdadeiros achados. Abraço!

Karine Rodrigues disse...

Luciano,

Acabo de conhecer seu Blog. Parabéns, belo poema. De arrepiar. Beijos!

Luciano Fraga disse...

Karine,obrigado pela visita, um forte abraço.

Luciano Fraga disse...

Ruela, um grande abraço e um ano novo próspero e de muita paz, para seus amigos e familiares, abraço fraterno.

Luciano Fraga disse...

Adriana, foi apenas um livreto artesanal, agradeço sua preciosa atenção, tenha um ano novo de muita luz e paz tanto para os amigos e familiares, beijão.

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir, claro que existem os privilegiados, os filhos dos deuses ou de Deus, como existem os "filhos do carbono, os filhos de lampião, os filhos de getúlio..." e os filhos do lula, existem também os pobres filhos da puta e cada um vai encontrando sua identidade e seu lugar debaixo do sol que o mesmo deus deixou para brilhar para todos, exceto para os que estão enclausurados nos porões...Eu sigo rasgando os cerimoniais e as formalidades com minha parca ou porca poesia, tentando que ela saia porta afora como você sugeriu, mas ela ou eu não sei, somos muito apegados e por isso nem um nem outro caminha(rs),tento conjugar o verbo cuidar e tento entender as coisas como um eco que provém "da música, sons e lamentos, embora nesse eco não haja melodia..." A ponte jamais será demolida, pois tudo ilusório e como diria Ferrira:"Ganho, perco, blefo? afinal,qual de nós rouba no jogo?" Um forte abraço do avesso do papai Noel sem cor.

Luciano Fraga disse...

Buenas, "raspas e restos me interessam..." Abração.

PS. deixei um livreto pra você lá em casa.

Devir antes de tudo disse...

Dom luciano,
a fronteira é uma faca de dois gumes bicho,pense bem antes de atrevessá-la ás escondidas.

que abordagem em meu caro!

Unknown disse...

Olá Luciano,

"A minha nausea nasce sempre na falta de tempo"
Volta teu rosto sempre na direção do sol,e, então as sombras ficarão
para tráz.
Quero que sáiba que as rochas não
me encomodam,jamais.
Sempre que fico ansiosa,zangada ou
triste,pergunto a mim mesma;
"Quem,dentro de mim está se sentindo assim?
É só escutar com paciência e perceber que posso não ser uma pessoa especial,más...sou única.
"A fragâcia permanece sempre nas mãos de quem oferece flores"
Te desejo muita saude e paz,
neste,mais um que se inicia junto a seus familiares e amigos.

abç,

sempre, Ana Lgo.

Luciano Fraga disse...

Ana, obrigado, felicidades para todos vocês,família ,filha, amigos,abraço.

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Herculano, adeus mesmo,que venha o novo em todos os nossos sorrisos,grande abraço.

Rounds disse...

felicidades!

buenas!

Marcia Barbieri disse...

Continua maravilhosa sua escrita. Eu recebi os livros, adorei, lindos. Mandarei o meu assim que passar essas festas, mas peço que perdoe desde já os erros que ele contém, tem tantos erros que o tirei de circulação rs.

beijos e Feliz Ano Novo