sexta-feira, janeiro 22, 2010

Evening in the stúdio-L.Freud- 1993

QUEM ME CHAMA

"Circum-soando o bronze
das armaduras fagulha.Homens encarniçados.Devoradores de carne...As lanças afundam elmos..."


Assim em gotas
decomponho-me
em hálias
e antes de transformar
agonias
em águas perseguidas,
minha alegria
é samurai
que se esvai em gulas
de mente sã
depois de desferido
o golpe hachuriado
de aríete
contra o tempo
luminescente
que expirou...



Luciano Fraga

32 comentários:

BAR DO BARDO disse...

Um drinque vermelho... Ambiente meio byroniano amalandrado...

Bom!

ronaldo braga disse...

o tempo sempre expirou pra gente.
fraga um poema que revela o atonito que há no viver.
na verdade fraga pra mim a minha tragedia foi nascer, tava tudo tão perfeito lá naquela barriga.

Devir disse...

Sensacional!!!

A grande e luminosa poesia
se palavras como livre arbítrio
fossem tão ilógicas
como o relacionamento das pessoas
tínhamos a certeza
felicidade e paz
seria mesmo utopia
e um poema
como este, Luciano
faria a existência
a bênção
do eterno retorno.

"samurai
que se esvai em gulas
de mente sã"

Convido a todos
para apreciar
post atual, no devir
se de repente
"samurai"
fosse normal

Grande abraço

Braga e Poesia disse...

como chuva
pratico descer aos montes
e antes de qualquer sol
agonizo em areias raras

sim, sou assim
e quando a alegria ocupa os mundos
sou tão sozinho nesta lua repleta de convidados
que carrego a espada mais afiada
e cutuco o beijo no silencio de uma estrela caducada

como vento carrego folhas ao acaso
e seco desminto toda beleza
que teima me sobrevoar
pois beleza
já perdi todos os seus sentidos
e nem espero sua oca bondade
e te deixando cair
sinto o golpe desferido em minha tenue humanidade
ronaldo braga

Unknown disse...

Olá Luciano, O tempo...corro contra o tempo,
o vento que sopra meu rosto...
o que sou??
aonde vou??
quem mim deras de ter a resposta?
O tempo...e o lugar que ainda po-
demos oculpar no mundo,mesmo que o
mundo não nos queira nele...ele
gira e gira sem pará..é isso aí.


É o tempo Luciano,
Abçs..

Ana lag.

PS: manda ver Samurai!!!(rsrs)

Unknown disse...

Belo poema, Luciano!

Em gotas, em agonias e alegrias de samurai.

O tempo expira....

Amei!

Beijos

Mirse

Devir disse...

Prosa Patética

Nunca fui de ter inveja, mas de uns tempos pra cá tenho tido.

As mãos dadas dos amantes tem me tirado o sono.

Ontem, desejei com toda força ser a moça do supermercado.

Aquela que fala do namorado com tanta ternura.

Mesmo das brigas ando tendo inveja.

Meu vizinho gritando com a mulher, na casa cheia de crianças,

sempre querendo, querendo.

Me disseram que solidão é sina e é pra sempre.

Confesso que gosto do espaço que é ser sozinho.

Essa extensão, largura, páramo, planura, planície, região.

No entanto, a soma das horas acorda sempre a lembrança

do hálito quente do outro. A voz, o viço.

Hoje andei como louca, quis gritar com a solidão,

expulsar de mim essa Nossa senhora ciumenta.

Madona sedenta de versos. Mas tive medo.

Medo de que ao sair levasse a imensidão onde me deito.

Ausência de espelhos que dissolve a falta, a fraqueza, a preguiça.

E me faz vento, pedra, desembocadura, abotoadura e silêncio.

Tive medo de perder o estado de verso e vácuo,

onde tudo é grave e único. E me mantive quieta e muda.

E mais do que nunca tive inveja.

Invejei quem tem vida reta, quem não é poeta

nem pensa essas coisas. Quem simplesmente ama e é amado.

E lê jornal domingo. Come pudim de leite e doce de abóbora.

A mulher que engravida porque gosta de criança.

Pra mim tudo encerra a gravidade prolixa das palavras: madrugada, mãe, ônibus, olhos, desabrocham em camadas de sentido,

e ressoam como gongos ou sinos de igreja em meus ouvidos.

Escorro entre palavras, como quem navega um barco sem remo.

Um fluxo de líquidos. Um côncavo silêncio.

Clarice diz, que sua função é cuidar do mundo.

E eu, que não sou Clarice nem nada, fui mal forjada,

não tenho bons modos nem berço.

Que escrevo num tempo onde tudo já foi falado, cantado, escrito.

O que o silêncio pode me dizer que já não tenha sido dito?

Eu, cuja única função é lavar palavra suja,

nesse fim de século sem certeza?

Eu quero que a solidão me esqueça.

Viviane Mosé

Adriana Godoy disse...

Ei, meu querido poeta. Volto e encontro você decomposto em versos tão belos e fortes. É o primeiro blog de poemas que entro e tenho essa grata surpresa. Saudades e depois venho com mais calma para apreciar os outros poemas. Beijo.

Anita Mendes disse...

querido ,lu! vc logrou mais um fantástico poema! E assim ... tentam nos agarrar ,mas somos como água .passamos pelos dedos ,descendomos da agonia ,desfazendo sanidade ,definindo filosofia samurai em grande estilo!
belo!
beijokas, Anita.

Luciano Fraga disse...

Bardo amigo, tão vermelho,talvez quanto meus olhos...Abraço.

Luciano Fraga disse...

Braga, muitos de nós gostaríamos de não ter vindo, de não ter visto...Mas estamos aqui e vendo tudo ao redor a doer, abraço.

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir,dignidade e honra,símbolos de um iluminado Samurai,abraço.

Luciano Fraga disse...

Braga, poesia com poesia se paga,belo texto, em tempos de desastres, tênue humanidade,cabe como uma luva,abraço.

Luciano Fraga disse...

ana, a marcha do tempo é inexorável,inútil correr contra.Abraço.

Luciano Fraga disse...

Mirse amigo," um novo tempo sempre se inaugura a cada instante..."E assim nada, absolutamente nada é...Grande abraço.

Luciano Fraga disse...

Caro amigo Devir,um brinde a essa maravilha de texto,a "solidão é fera, a solidão devora" a solidão é uma pequena porção de poente num acidente geográfico, abraço.

Luciano Fraga disse...

Adriana querida, saudades da sua bela presença e muita honra tê-la de volta,retomemos a jornada, felicidades, beijo.
PS Jornal sendo finalizado, assim que tiver te envio.

Luciano Fraga disse...

Anita querida,luminescente a sua presença, sempre, beijo.

Ruela disse...

Golpe certeiro...


tb gosto de L.Freud


aqui são dois L.F.

;)

Abraço.

tania não desista disse...

caramba luciano!...que texto!
agonias...alegria...sanidade
...samurai...sa-mu-rai!
ah...o tempo!...expira pra cada um!

abraço forte
taniamariza

Luciano Fraga disse...

Ruela amigo,é o tempo, infalível, conheci o L. F. (como você disse da coincidência), através do amigo Nelson, ele é demais mesmo, abraço.

Luciano Fraga disse...

Tania minha amiga, todas as nosssas experiências tem vínculos com o tempo e nenhuma é absolutamente atemporal,mas brigamos com ele, queremos atrasá-lo,ou achamos que certos momentos são eternidade, mas ele permanece no seu ritmo inalterado,sempre, forte abraço.

guru martins disse...

...expirara
meu cumpadi!!!

abraço

Vinícius Paes disse...

Grande poesia, amigo. Sendo assim, nossos pensamentos levianos nos abandonam... mas retornam no fim. talvez seja.

grande abraço.

Fabrício Brandão disse...

O tempo, como sempre, um desafio misterioso e atroz.

Intensos signos em teu poema, querido!

Abração!

Devir disse...

Se tu falas muitas palavras sutis
E gostas de senhas, sussurros, ardis
A lei tem ouvidos pra te delatar
Nas pedras do teu próprio lar


Se trazes no bolso a contravenção
Muambas, baganas e nem um tostão
A lei te vigia, bandido infeliz
Com seus olhos de raio X


Se vives nas sombras, frequentas porões
Se tramas assaltos ou revoluções
A lei te procura amanhã de manhã
Com seu faro de dobermam

E se definitivamente a sociedade
só te tem desprezo e horror
E mesmo nas galeras
és nocivo, és um estorvo, és um tumor
a lei fecha o livro, te pregam na cruz
depois chamam os urubus

Se pensas que burlas as normas penais
Insuflas, agitas e gritas demais
A lei logo vai de abraçar, infrator
Com seus braços de estivador

Né, cara?

Samuel F. Pimenta disse...

Cada vez me sinto mais encantado pelo valor sagrado da palavra! Como é bom ler boa poesia.

Um abraço,

Samuel Pimenta.

Luciano Fraga disse...

Guru amigo, com toda certeza e quem viver verá, abraço.

Luciano Fraga disse...

Vinicius amigo, eles sempre nos rondarão, apesar do tempo, abraço.

Luciano Fraga disse...

Fabrício amigo,ouço uma grande voz, a voz do mestre, obrigado.

Luciano Fraga disse...

Devir amigo, essa aí gastei bastante na voz do Zé Ramalho, fabulosa, a lei...Grande abraço.

Luciano Fraga disse...

Samuel amigo, com certeza e como faz bem, também.Obrigado, grande abraço.