sexta-feira, fevereiro 13, 2009

O LIVRO



Eu hoje queria escrever sobre um livro que eu não li e tenho certeza absoluta que ele nem mesmo chegou a ser publicado. E isso me inquieta, não o fato de eu não ter lido e sim de ele não ter sido publicado, por que, por que ele não foi publicado? Será que ele não foi nem sequer escrito? Ou se algum autor maluco o escreveu ele não foi aceito pelo mercado literário? O mercado determina a minha não-leitura desse livro ainda não publicado e provavelmente ainda não escrito.
Mas esse livro vem me fazendo pensar, primeiro na principal característica desse livro que é ser um não-livro e existir na sua não-existência, segundo o fato desse livro tratar de assuntos importantes para a minha vida e ainda o fato de ser de autoria, pelo menos para mim, desconhecida.
E assim hoje, eu resolvi que esse livro será amplamente discutido e para mim pouco importa o fato que ninguém leu ou mesmo viu o tal não-livro, mas eu já sei com certeza que ele não foi publicado.
Aí será o começo. Por que ele não foi publicado?



ronaldo braga a todos os autores ainda inéditos, principalmente devido a escolha do mercado literário, que ninguém viu, ninguém conhece mais sabe demais o que ele quer:
vender verdades prontas.


Ronaldo Braga




12 comentários:

Adriana Godoy disse...

Dá o que pensar. Devem existir muitos livros desses por aí. Para quem tem o sonho de publicar um, o mercado é um dragão dourado que lança fogo em todas as direções e é preciso ter muito cuidado para não ser queimado por ele. Abraço.

pianistaboxeador21 disse...

e comentei lá no Bragas.
Abração,
Daniel

Luciano Fraga disse...

Adriana, muita gente é vítima do dragão do mercado realmente, publicar é muito complicado e difícil, experimentei isto agora, por outro lado o cuidado maior é não ser vítima de si mesmo, ou seja, nada de expectativas, saber dos limites,não se converter e fazer por amor mesmo.Mas a conjuntura precisa mudar muito para que muitos não tornem-se frustrados, abraço.

Luciano Fraga disse...

Valeu amigo Daniel, você sabe bem o que é isso, publicar, divulgar, etc. Abraço.

Adriana Godoy disse...

Luciano, admiro quem se lança ao dragão e sai ileso. Tenho muitos amigos que se queimaram por ingenuidade, por vaidade, por querer alçar grandes voos.
O dragão quer te comer, te devorar, devorar seus sonhos, te deixar uma marca. Mas há que se continuar. Um dia a coisa pode mudar. Beijo.

Anônimo disse...

dá o que pensar,
o mercado talvez tenha haver com
"não precisamos mais desses",
como faziam durante os períodos ditadores ou como no filme de truffaut fahrenheit 451

Luciano Fraga disse...

Camila, acho que você tá certa, expurga-se e ponto final.Mas seguiremos em frente assim mesmo.

Anônimo disse...

Existe um poema de Goethe, que ilumina este sentido no qual o Truffaut fêz seu filme. Eu já tive o livro, talvez alguem que somente aprecia a representação de um autor, ou escritor, e o ser do representante que confirma uma idéia que representou um fato histórico não é importante, rss, às vezes nem mesmo o fato (quê absurdo!!?), levou-me emprestado para jamais devolver.
Fato comum!!? Exato.
Tão comum quanto a gripe!
Quem nunca afirmou não estar gripado, mesmo quando aceitou estar gripado e já estar tomando medidas comuns contra "os vírus"? Diz-se antipatia resguardar o que se tem de nada comum contra o comum "por natureza".
Assim, cheguei à pertinência de seu post, Fraga. Gosto quando a pessoa, antes de querer que a realidade vire-se ao avesso, ela mesma se vira. É a melhor das honestidades, que não se obriga, é natural, sendo sem ser complexa.
A natureza é uma verdade pronta e, no "mercado", matéria prima.
Firmeza, véio!

Marcia Barbieri disse...

Comentei no Braga,mas já me revoltei de novo!!!!

beijos ternos

Luciano Fraga disse...

Caro Anônimo, embora não tenha assinado(óbvio),gostei da seriedade e complexidade do comentário,reafirma a importância do texto,que busca exatamente a reflexão e discussão de algo tão sério,publicar, afirmar-se dentro de uma perspectiva de mercado onde o comum cada dia renasce revigorado e qualquer outra linha fora disso cai na vala.Estou na luta,não desistirei e incentivarei com minhas forças qualquer um que aventurar-se, a poesia é maior,grato pelo apoio, abraço.

bat_thrash disse...

Por tudo que foi exposto pelo Ronaldo é que não tenho o sonho de escrever um livro. Minha mãe trabalha com Literatura. Cresci no meio de escritores que têm talento, mas não acontecem. Um escritor que não me lembro o nome disse que o que se escreve hoje servirá para embrulhar peixe amanhã...essa é a realidade.
Quando o Lobão revoltou-se com o mercado fonógráfico ele passou a produzir cds em bancas de jornal.Vendeu horrores e ameaçou as gravadoras. Deve existir um meio alternativo melhor que o mercado formal. Esse é um tema muito delicado e complexo. Escrevo como quem respira, apenas escrevo sem pensar no futuro.
Como sempre, Ronaldo sabe dar conta do recado.

Beijos.

PS: Ruela merece toda a homenagem que houver,e,como disse caetano: muito é muito pouco.

bat_thrash disse...

O que se escreve de verdade quer ser lido
Com metro ou sem metro, com rimas ou sem rimas
Se quer impresso, história, dom dádiva, livro:
O que é de verdade se quer(em livro) livre.

Se quer livro- destino da palavra escrita
Porque o que é de verdade, deseja, palpita
E, recusando o que é morte matada , insiste :
O que é de verdade se quer morte morrida.

Porém, se o que morre é de verdade respira,
Sobrevive, faz de sua morte uma vírgula
No texto que deixou escrito, em sua lida,
E que se ninguém ler será vida perdida.
Bat Trash

PS: Na época essa foi minha reflexão sobre este tema.