Eu hoje queria escrever sobre um livro que eu não li e tenho certeza absoluta que ele nem mesmo chegou a ser publicado. E isso me inquieta, não o fato de eu não ter lido e sim de ele não ter sido publicado, por que, por que ele não foi publicado? Será que ele não foi nem sequer escrito? Ou se algum autor maluco o escreveu ele não foi aceito pelo mercado literário? O mercado determina a minha não-leitura desse livro ainda não publicado e provavelmente ainda não escrito.
Mas esse livro vem me fazendo pensar, primeiro na principal característica desse livro que é ser um não-livro e existir na sua não-existência, segundo o fato desse livro tratar de assuntos importantes para a minha vida e ainda o fato de ser de autoria, pelo menos para mim, desconhecida.
E assim hoje, eu resolvi que esse livro será amplamente discutido e para mim pouco importa o fato que ninguém leu ou mesmo viu o tal não-livro, mas eu já sei com certeza que ele não foi publicado.
Aí será o começo. Por que ele não foi publicado?
ronaldo braga a todos os autores ainda inéditos, principalmente devido a escolha do mercado literário, que ninguém viu, ninguém conhece mais sabe demais o que ele quer:
vender verdades prontas.
Ronaldo Braga
12 comentários:
Dá o que pensar. Devem existir muitos livros desses por aí. Para quem tem o sonho de publicar um, o mercado é um dragão dourado que lança fogo em todas as direções e é preciso ter muito cuidado para não ser queimado por ele. Abraço.
e comentei lá no Bragas.
Abração,
Daniel
Adriana, muita gente é vítima do dragão do mercado realmente, publicar é muito complicado e difícil, experimentei isto agora, por outro lado o cuidado maior é não ser vítima de si mesmo, ou seja, nada de expectativas, saber dos limites,não se converter e fazer por amor mesmo.Mas a conjuntura precisa mudar muito para que muitos não tornem-se frustrados, abraço.
Valeu amigo Daniel, você sabe bem o que é isso, publicar, divulgar, etc. Abraço.
Luciano, admiro quem se lança ao dragão e sai ileso. Tenho muitos amigos que se queimaram por ingenuidade, por vaidade, por querer alçar grandes voos.
O dragão quer te comer, te devorar, devorar seus sonhos, te deixar uma marca. Mas há que se continuar. Um dia a coisa pode mudar. Beijo.
dá o que pensar,
o mercado talvez tenha haver com
"não precisamos mais desses",
como faziam durante os períodos ditadores ou como no filme de truffaut fahrenheit 451
Camila, acho que você tá certa, expurga-se e ponto final.Mas seguiremos em frente assim mesmo.
Existe um poema de Goethe, que ilumina este sentido no qual o Truffaut fêz seu filme. Eu já tive o livro, talvez alguem que somente aprecia a representação de um autor, ou escritor, e o ser do representante que confirma uma idéia que representou um fato histórico não é importante, rss, às vezes nem mesmo o fato (quê absurdo!!?), levou-me emprestado para jamais devolver.
Fato comum!!? Exato.
Tão comum quanto a gripe!
Quem nunca afirmou não estar gripado, mesmo quando aceitou estar gripado e já estar tomando medidas comuns contra "os vírus"? Diz-se antipatia resguardar o que se tem de nada comum contra o comum "por natureza".
Assim, cheguei à pertinência de seu post, Fraga. Gosto quando a pessoa, antes de querer que a realidade vire-se ao avesso, ela mesma se vira. É a melhor das honestidades, que não se obriga, é natural, sendo sem ser complexa.
A natureza é uma verdade pronta e, no "mercado", matéria prima.
Firmeza, véio!
Comentei no Braga,mas já me revoltei de novo!!!!
beijos ternos
Caro Anônimo, embora não tenha assinado(óbvio),gostei da seriedade e complexidade do comentário,reafirma a importância do texto,que busca exatamente a reflexão e discussão de algo tão sério,publicar, afirmar-se dentro de uma perspectiva de mercado onde o comum cada dia renasce revigorado e qualquer outra linha fora disso cai na vala.Estou na luta,não desistirei e incentivarei com minhas forças qualquer um que aventurar-se, a poesia é maior,grato pelo apoio, abraço.
Por tudo que foi exposto pelo Ronaldo é que não tenho o sonho de escrever um livro. Minha mãe trabalha com Literatura. Cresci no meio de escritores que têm talento, mas não acontecem. Um escritor que não me lembro o nome disse que o que se escreve hoje servirá para embrulhar peixe amanhã...essa é a realidade.
Quando o Lobão revoltou-se com o mercado fonógráfico ele passou a produzir cds em bancas de jornal.Vendeu horrores e ameaçou as gravadoras. Deve existir um meio alternativo melhor que o mercado formal. Esse é um tema muito delicado e complexo. Escrevo como quem respira, apenas escrevo sem pensar no futuro.
Como sempre, Ronaldo sabe dar conta do recado.
Beijos.
PS: Ruela merece toda a homenagem que houver,e,como disse caetano: muito é muito pouco.
O que se escreve de verdade quer ser lido
Com metro ou sem metro, com rimas ou sem rimas
Se quer impresso, história, dom dádiva, livro:
O que é de verdade se quer(em livro) livre.
Se quer livro- destino da palavra escrita
Porque o que é de verdade, deseja, palpita
E, recusando o que é morte matada , insiste :
O que é de verdade se quer morte morrida.
Porém, se o que morre é de verdade respira,
Sobrevive, faz de sua morte uma vírgula
No texto que deixou escrito, em sua lida,
E que se ninguém ler será vida perdida.
Bat Trash
PS: Na época essa foi minha reflexão sobre este tema.
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