domingo, maio 20, 2007

Vésperas Vigiadas


Fico olhando uns discos
Bob Dylan, Ângela Ro Ro, Debussy
uma reprodução de Modigliani
os cachos de meus cabelos sorviam
a densidade pesada da tarde
Como raiz de uma flor maldita, adiquiri um
caduceu
que mantém minha vertigem
numa conjuntura extremamente perigosa
nem quando Bela Bartók vagueia
por netuno um perfume incurável
açoita-me nesta tarde.
É ai que me perco nos labirintos
de Jeanne Hébuterne numa tragada
de piano. O sol pode baixar sua febre
e destrancá-la do mistério
antes que sua sete almas sejam sugadas
para sempre pelas estrelas e aí,
aí já será demasiada Jeanne Hébuterne
em silêncio
uma mensageira do meu inexistente
uma mágica sem retorno
porque a cidade agora é um vômito verde
versejado pelas ruas
e suas figuras sozinhas
sangradas em segredos também, para sempre
revelados.

Nelson M. Filho




Um comentário:

Anônimo disse...

sempre só.
a poesia de Nelson é um se abrir por inteiro, é aquela sensação de segredo revelado e sangrado, a poesia sangra em nelson e a dor em palvras dança no mundo, é a musica das cores em conceitos e mais é um querer mais em tudo e de tudo.
um poeta do mundo que reside em uma cidade mais que pequena: morta.
Nelson é a poesia em seu pleno vigor.