sábado, julho 07, 2012

SUBTERRÂNEO

"Que feiticeira vai se erguer sob o poente branco?"

A. Rimbaud

Na primeira desobediência
e os cabelos de Sansão
esvoaçam,
animal sem destino;
pedaços de mim que se arrastam
e amontoam-se 
em chuvas temporãs.
Morcegos que arranham vidraças,
bocas ecoando
indiferença,
parecidas com a impossibilidade
dos pássaros...
Os olhos,
ah! os olhos das crianças
gritando:
Quem sentou ao lado direito
na santa ceia?
As saias justas,
tudo gira
em sussurrantes encantos.
Os hálitos dos obesos
arquejam
e nós sob os cascos nervosos
roubamos o irrespondível,
o torturado,
o oferceido.
E o metal que vicejo
em copos e galas,
é vulgar,
encanta cavalos...
O que me é espontâneo
são as mortes vistas a olho nu,
como esquisitas sementes
que curam,
como rosas tostadas
que espreitam.
Não tenho mais reciprocidade...


Dedico ao amigo Nelson Magalhães Filho- O velho Tigre.


Luciano Fraga

2 comentários:

anjobaldio disse...

Buenas, os tigres chegaram,e não há como escapar do labirinto, não há rezas nem ervas milagrosas que curem as estrelas tatuadas por baixo de suas unhas negras... mas estamos na espreita ao primeiro grito seco, ao primeiro berro horrível do anjo......

Adriana Godoy disse...

Putz! Belíssimo! Contundnte, ferino!

Parabéns, querido poeta! Cada vez melhor.

Beijo