sábado, maio 08, 2010
A POESIA DE DOUGLAS VIEIRA
Ode à infelicidade. “Tempo 3”
Acabei com minhas unhas num farto apuro de maldade que fingi não existir.
Abri a porta com receio, não tocam mais a campainha, apenas permitem que as presenças se façam sentidas.
E quem se importa, peço que me responda, caro amigo!
Não deixe que me passe por insano, por desequilibrado mental, falando sozinho e lamentando as dores que senti, sinto e antecipando as dores que sentirei.
Não troco minha meias, o frio quer corroer meus pés, as sandálias teimam em correr sozinhas, meus pelos eriçados sob uma luz que teimam em avermelhasse.
Não quero tomar – lhe o tempo. Preciso que desate meus dedos. Estou incapaz de tocar.
Bela morena de pernas sinuosas, fala branda, tão igual seu travesseiro o qual roubei de seu descanso, o mesmo que trocara pelo busto viril e generoso que me abrigou dos temores cretinos que tomavam o ser que não fui. Por vezes escutava a janela cantar, me enganar. Feito febre de alças curtas num arrepio e delírio.
quero falar do amor. Ele nunca fez nada por mim, não foi meu amigo.
Somente um ou outro engano.
Não comprei mais sal grosso, meu quarto é hipertenso! Só queria pedir uma cerveja mais. Ver seu desenho em cada gole, num sorriso de orelha a orelha.
Acredite, não escondi – me do amor.
Ele tampouco se deu ao trabalho de pensar em mim.do lado, nunca no canto. Fui um “canto” de notas e timbres repetidos.
Estive ali do lado do céu. At heaven's great divide.
Logo onde a chuva parece não te ver.
Não consegue assustar.
Descobri que o interesse nunca é mútuo, nem tive pressa em perceber.
Agora você também começa a definhar. Há! Minha sandice não incomoda, am I right?
O som parece reduzir – se paulatinamente em compasso com a minha coragem.
Você estava até agora a pouco, meu amigo, só restou seu resto caindo e tingindo os dois lados.
Agora não tenho em quem confiar.
ainda me ouvir, peça aos meus erros um pouco de compaixão. Mas posso desistir de minhas reverências, nem deixo de sentir meu corpo fremindo.
Talvez eu nunca tenha errado.
Tenha achado cômodo me manter assim; parado e mutilado do sentir.
Talvez eu precise de um novo Erídano.
É!
Talvez seja isso.
Com Paixão!
Douglas Vieira
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19 comentários:
Caramba só agora me dei conta de que coments ao texto do Douglas deveria ficar nesse espaço.
Bom, como disse é um café amargo e forte mas com aroma e sabor encorpados.
Você sempre escolhe o que há de melhor.
bjo
o blog ta de mais, belo, facilita a leitura e ainda tem em sim um clima de tempos heroicos. quanto ao texto de douglas tem vida e exala entendimento.
volto pra ler com mais tempo. beijo.
Experiências, ou prazeres
inacabados
reais ou oníricos
são o inferno do pinto
O saco já não tem mais espaço
o ar já era faz tempo
já a espinha vira-se contra
o inferno ficou pequeno
Perdoe-me, em dizer
sobre o frio da frigideira
e o aroma da manteiga com alho
ok não vou dizer - eu também morria
Quebre tudo, forte abraço
Mesmo fazendo força no sentido contrário, nenhum poeta consegue escapar à beleza do verso...
Abraço!
E, recordando sua proposta, Luciano, uma voz fora dA Voz da Pedra, lanço também o nome de Aninha Franco.
Douglas, escrevi um comentário "magnífico"(expressão de uma bela menina prendada em letras e dança/teatro que o acompanhou desde o nasced'ouro) para sua entrevista lá no jornal, mas, como bolha de sabão, puft, desapareceu no momento da publicação.
Grampo? Nóia? Destino? Como saber do vento suas intenções?
Relaxamos, mas NÃO DESISTIMOS!!!
Logo torno a escrever, à forna de Chico Buarque, cada vez mais incisivo, porém não tão belo, porque a época é mais feia.
Forte abraços
Olá Luciano,
Agente cresce enquanto vive,
e erra enquanto aprende.
A vida anda!os dias passam...
A poesia de Douglas Vieira é...belo.
Tá lindo seu "Lado de Fora"(rsrs)
"RENOVAR SEMPRE"
Abçss
Ana Lgo.
Mai, realmente até eu mesmo fiquei um pouco confuso com as mudanças.Café amargo com conhaque muitas vezes nos leva a uma reação, abraço.
Braga, gostei dos tempos heróicos, fui direto à Cachoeira, alguns chamam de "A heróica".O texto tem e também nos dá vida, abraço.
Adriana amiga, fico no aguardo, beijo.
Caro amigo Devir, passava um frio na coluna quando morrer era uma simpatia...O saco anda cheio mesmo, concordo mestre, abraço.
Ah, esse saco/saci
pra levantar a perna e andar
precisa estar sentado ou deitado;
andar é preciso
viver não podemos evitar.
Eu queria dizer, relutei muito
sobre meu post Paramigas(os)
e quanto os tenho, ah realidade
pra levantar asas e voar
precisa ser simpático e previsível;
voar é preciso
pousar só quando cair
Computo geral: meu saco
vai muito bem, Caro amigo
a pedra sustenta a gravidade
a gravidade sustenta a Voz
luciano!
deixei coment trocado... no post anterior...volto depois... pra ler com atenção...esse aqui.abrs
taniamariza
lu, por mais esquisito que pareca eu gosto da infelicidade pois assim, posso perder os in-(s )da vida e me encontrar no que nao tem prefixo.
beijos
Lindo ode do Douglas.
Ana,a embalagem engana, sempre...A escrita do Douglas é muito profunda mesmo.Abraço.
Caroa amigo Devir,cair levantar, que o tombo não seja tosco,digno até no cuspir, no último e imprevisível suspiro,abraço.
Tania amiga, apenas saber que passou aqui, é uma honra, satisfação incomensurável, forte abraço.
Anita querida,a tristeza,momentos de infelicidade são experiências imprescindíveis para a manutenção dos sinais em alerta, precisamos de algo em ebulição, a felicidade engana...Beijo.
...tu és também
um homem bom!!
aquele abraço
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