domingo, novembro 01, 2009

A mãe morta e a criança-1899 E.Munch-óleo s\ tela

MORTE DA MORTE


A morte surge do nada.
Calada ou criada,
detrás das curvas
no fundo dos mares
na cor dos olhares,
nas madrugadas
onde estou,
onde tu estás,
não tardará
fazer um verme sorrir.

Anjo nu,
nada sacia
seu apetite de foice
para injetar a dor
num inocente
ou a cura
no paciente
que ainda assistirá
num dia quente
qualquer de abril,
o tiro sair pela culatra
e não será em primeiro
nem o último,
a quem caberá...

Luciano Fraga

28 comentários:

guru martins disse...

...mandou
muito bem
meu ccumpadi!!

aquele abraço

Unknown disse...

Oi Luciano!

Belíssimo! Surge do nada, a inesperada. Para uns é alívio, para outros fatalidade, mas é a única certeza que temos desde que nascemos. Não há porque temê-la.

Adorei!

Beijos

Mirse

Devir disse...

Só rindo pra num chorar

Penso que toda tentativa
de iluminação, por exemplo
trás sutilmente uma traição

Se não do dono, se não do autor
então da Morte, seja real, seja
as mais inconfessadas metáforas

Quão significativas foram aquelas
lágrimas de Judas se derramando
junto ao vil pagamento Esperado

Nem de criança que foi humilhada
nem de jacaré de esquina banguelo
foi somente o sal do bem almejado

Naquela estória a história morreu
ressucitou e se escafedeu, assim
como a gala em véspera de finados

E porque são dias urgentes atuais
meus amigos eu estou legal sozinho
ainda aquela esperança no armário

Forte abraço, caro amigo, Luciano

Anita Mendes disse...

lu, muitos vêem a morte como uma coisa negativa, mas as vezes, eu vejo como nascimento de algo...(por mais triste que seja uma perda ).Não sei, acho que prefiro pensar dessa forma.
belo poema como sempre!
o lu sempre mandando bem(rs)!
Ps:amo as obras de Munch.
Ps2: tava com saudades de ti. Ps3:depois passa la no serendipities.. postei coisa nova.
beijos.

Adriana Godoy disse...

Não sei muito bem o que penso da morte...mas ela está aí nos olhando com sua foice e decidindo quem vai com ela. Pra uns é uma bênção, pra outros, uma puta sacanagem...mas seu poema é de uma lindeza enorme, sempre. beijos, poeta querido.

Braga e Poesia disse...

no ritmo do nada a morte engoli tudo como se ainda nem a vida existisse.
um poema pra lembrar dos nossos mortos e mais ainda pra lembrar da vida

Marcia Barbieri disse...

Suas palavras são sempre certeiras, falando de vida ou morte,tanto faz, o certoé que seus tiros jamais saem pela culatra.

beijos ternos

Gustavo disse...

interessante. Gosto.

abç

Gustavo

tania não desista disse...

oi,luciano!
dona de tantas feições coloridas pelo espanto...tristes,
horrorosas...
"ela" não nos faltará nunca...jamais nos deixará na mão!!!! lenta ou rápida...seu manto negro cobrirá todos!
belo poema ...ponto final do ciclo vital.

abrs
taniamariza

ps...valeu..visitas nos blogs
deixei coment no texto brilhante do devir...vá lá!
+ um abraço

Zana Sampaio disse...

morrer é um continuum... mais uma nuance da vida... dela se alimentam os dias e os vermes... bravo poeta!

Unknown disse...

Olá,Luciano
É...a morte faz parte da nossa vida
quer nos agrade,quer não,ela fatal-
mente acontecerar.
Todos nós teremos o mesmo corpo a
mesma carne humana,portanto..morre-remos,seja como for.!
O medo da morte... e a ignorância sobre a vida.
Agora,morrer no lugar de alguém que amamos,parece ser uma boa forma de partir..
Até mais!
Ana Lgo

heraldo disse...

Nossa visão de mundo está fundada em uma ilusória solidez e permanência absurdas.Ela é responsável pela não percepção da natureza efêmera da vida.
Notável é, ainda, o temor e desespero que nos abate quando notamos a morte surgir do "(..)nada.Calada ou criada"
Aprender a lidar com a impermanência talvez seja o nosso maior desafio.
Grande Abraço!

Heraldo Fraga.

pianistaboxeador21 disse...

MOrte. morte. morte que talvez seja o segredo desta vida.
Temos mesmo de superar tudo neste nosso caminho a velhice, a morte, o desamor.Mas faz parte, o abismo está aí pra todo mundo, só nos resta saber se vamos cair nele de cabeça erguida como guerreiros, ou choramingando, se bem que às vezes até os guerreiros choramingam. Dioniso nos aponta que o fim tb faz parte da festa. Ser eterno, não poder desaparecer tb poderia ser um saco. vai saber.
Belíssimo poema.
Abraço

Luciano Fraga disse...

Caros amigos,estou tendo sérios problemas de conexão com a net,assim tenho enfrentado dificuldades tanto para postar comentários nos blogs dos amigos como responder as postagens dos amigos aqui.Aproveito para agradecer a todos que colocaram suas opiniões e suas visões acerca de um assunto tão real e desagradável para ser encarado e discutido(a morte) em seus diversos aspectos,concordo com quase todos e creio que nada encerra aqui neste tempo\espaço\corpo,devemos observar a morte pela perspectiva da vida,buscando fazer uma passagem decente por aqui,outro dia Carlos Vereza disse:"a morte é uma pegadinha da natureza",assim seguem-se os conceitos, nenhum definitivo.Forte abraço para todos os amigos.

Ana Beatriz Frusca disse...

O morto-vivo vê na morte literal apenas uma extensão, pior que estar morto é cair no esquecimento em vida. Misturamo-nos as cores, cheiros e dores herdados pelas existências em profusão.
É por essas e outras que você é o meu poeta underground.
Beijos.

Ana Beatriz Frusca disse...

PS:Ih, lembrei de uma música que conheci há pouco tempo: flores astrais...especialmente daquele trecho que diz que um verme passeia na lua cheia.
Eu ando numa fase muito MPB...só tenho pensado e falado em música.
Ah, eu gosto mais de Agnus Sei com o Jõao Bosco ´por causa do arranjo: é mais dramático

Matheus Vianna disse...

minimizando redundâncias edriblando os adjetivos inéditos escassos... vou direto ao forte abraço que passo p. te deixar. saudades amigo. grato por mais um corte de estímulo por palavras VRAS.

Luciano Fraga disse...

Biazinha, você tocou num ponto crucial, aliás nem havia lembrado, justamente o esquecimento em vida, bem pior que tudo, mesmo a eminência da morte ou a morte propriamente dita.Você falou das flôres astrais, gosto muito dessa canção também.Em poucos dias vou enviar para você um Cd de um amigo(Zinaldo Velame) que tá em estúdio gravando poemas de escritores de Cruz das Almas que ele musicou(MPB), aguarde que você vai gostar.Beijo.

Luciano Fraga disse...

Matheus, saudades meu velho, precisamos nos encontrar, manda um texto, espero, abraço.

Ava disse...

Luciano, fiquei impressionada com a sua descrição em seu perfil... Vim conferir e encontro um blog denso... Com poemas e textos fortes...
Voce faz das palavras suas escravas...rs
No bom sentido, claro...rs


E com elas faz maravilhas...


Te encontrei lá no BARBO...rs


Beijos!

BAR DO BARDO disse...

Devemos exigir da morte um "Eu desisto!"...

Luciano Fraga disse...

Ava amiga,agradeço seus elogios, bem como a gentileza,tudo isso ajuda a nos fortalecer e continuar tentando,grandioso Bardo,abraço.

Luciano Fraga disse...

Bardo amigo,com certeza é uma visita desagradabilíssima,sai pr lá!Abraço.

Luciano Fraga disse...

Papagaio,muito bom,agradeço a fala, abraço.

Luciano Fraga disse...

Papagaio,muito bom,agradeço a fala, abraço.

Luciano Fraga disse...

Papagaio,muito bom,agradeço a fala, abraço.

Ruela disse...

Gostei Luciano!


Abraço.

Luciano Fraga disse...

Ruela, valeu mestre, abração.