sexta-feira, dezembro 05, 2008

Edvard Munch- Madonna

SOB O SIGNO DO SOL



Quando o sol
desistiu de meu deserto
meus amores debutantes
foram sacrificados
em valas comuns.
Sorri
e decretei a morte sincera
desses amores
porque bonecas de presépios
impecáveis...
Nada está consumado
neste parto granulado,
ou nos rótulos que decantaram,
houve apenas um extravio
acidental no propósito
das horas abortadas.
Neste deserto,
meu relógio de bolso
atrasou o tempo nas trevas...
Ainda assim vida,
não desisto de você;
mesmo que minha cabeça
seja aterrada
a dois passos de mim
com a natureza expiada...



Luciano Fraga

15 comentários:

Rounds disse...

"ainda assim vida, não desisto de você".

muito bom isso.

abs,

buenas!

Marcia Barbieri disse...

Magnifico, fico sem palavras diante das suas sempre tão exatas!!!!!!!!

beijos ternos

Adriana Godoy disse...

Adoro as horas abortadas quando encontro um poema desse. Beijo

Anônimo disse...

fraga esse poema é sem sombras de duvidas a prova cabal que vc não somente é um bom poeta, como vc avança a cada poema que constrói.
vc vai superando a poesia e não mais poeta e sim o construtor de sonhos.

bat_thrash disse...

Se o sol desiste do deserto a frieza e a obscuridade habitam. Se matarmos o amor, matamos a compreensão e a compaixão. Se amarmos bonecas de presépio é porque endossamos o coro monocórdio das convenções de quem e o quê se amar.
A vida é o mais delicioso de todos os vícios.
Bat Kiss, meu vate do underground.

Luciano Fraga disse...

Bat_trash, "vida minha adolescente companheira...".Obrigado, beijo.

Luciano Fraga disse...

Márcia, obrigado, beijo terno.

Luciano Fraga disse...

Braga, valeu a sua força.E o filme?Já tem cópia? Grande abraço.

Luciano Fraga disse...

Adriana, espero que não proibam este tipo de aborto...Obrigado, beijo.

Luciano Fraga disse...

Buenas, vamos em frente!Abraço.

Anônimo disse...

Ótimo poema.Gostaria apenas de afirmar que nos momentos de trevas, aonde os relógios parecem atrasados ou até mesmo não funcionam, é que a vontade de não "desistir da vida" permance sólida.Afinal,somente quando estamos em momentos de tempestade, podemos observar os relâmpagos.

Um forte abraço.

Heraldo.

Anônimo disse...

é, luciano...precisamos mesmo do caos!

adorei estes versos em especial:

"meus amores debutantes
foram sacrificados
em valas comuns."

ps: também eu te linkarei lá,

beijos

pianistaboxeador21 disse...

"Neste deserto,
meu relógio de bolso
atrasou o tempo nas trevas..."
você e seus versos de grande impacto.
Parabéns,cara!!!

Abração
Dañiel

Luciano Fraga disse...

Pois é Heraldo, a vida é um duelo!Abração.

Luciano Fraga disse...

Daniel, obrigado amigo, abraço.