quarta-feira, setembro 10, 2008

DESTROÇOS


Sempre lhes tratei com injeções
de amor
e a mantive livre
da cunha dos deuses.
Hoje,
entro e saio dos bares
vazios como porta – retratos
de banheiros...
Deveríamos gozar em cima
dos dados virgens que rolam...
Tenho sonhado com mortos vivos,
conhecidos e desconhecidos,
todos Zumbis lilases...
De que resultam as angústias
nas primaveras contumazes?
Minhas noites têm sido cumpridas
e às duras penas
tenho amanhecido,
nós dois e os dias
caindo, caindo, caindo
descabelados...
Só agora compreendo o funcionamento
de sua memória
como máquina devoradora
sentimentos,
Eu, Eu, Eu. E Eu...

Luciano Fraga



8 comentários:

pianistaboxeador21 disse...

"nós dois e os dias
caindo, caindo, caindo
descabelados...
Só agora compreendo o funcionamento
de sua memória
como máquina devoradora
sentimentos,
Eu, Eu, Eu. E Eu..."

E o egoísmo como um grande véu de amor. O que amamos? O outro? Nós mesmos? O estatus que o outro nos dá? A admiração que ele nos tem? Será que no final cada um só ama a si mesmo?

Quem é que sabe.

Certa vez escrevi: " É sempre segunda-feira dentro de mim" Tem a ver com os teus dias, eu acho. E as euforias das pingas e as deprês das ressacas e do silêncio.

Excelente texto. E o teu suingue, até quando fala de dor, coloca na alma uma camiseta vermelha.

É isso...

Força é fé.

Daniel.

Marcia Barbieri disse...

Lindo Luciano. Lemos juntos eu e o Daniel e paramos pra discutir. Acertou, amigo. A parte dos dias descabelados é uma personificação perfeita do tempo. Queria tê-la encontrado antes de vc. Mas fico feliz de ter lido coisa tão bonita por aqui.

Beijos.

Márcia.

Ana Beatriz Frusca disse...

O amor tanto tonifica quanto mata e por vezes nos tornamos verdadeiros mortos-vivos. O outro por vezes torna-se uma extensão de nós mesmos num sentido ilusório.
Beijos, querido.

Luciano Fraga disse...

Caro Daniel, você tocou no nome dele esta semana e hoje amanheci com a figura de Torquato em minha mente,vi uma foto e fiquei pensando nestes dias despauperados, naquele dia 10 de novembro de 72, um dia após o aniversário, nesta
segunda feira, sempre destroçada.
Fiquei emocionado com seu comentário. Torquato disse;"nem eu mesmo sou viável, o que é viável não existe, eram manhãs e tardes e manhãs sem pernas". Você tá certo, o que amamos? obrigado, grande abraço.

Luciano Fraga disse...

Márcia, as vezes digo que o tempo é um emblema cinzento, tanto por fora quanto por dentro... O que impera nestes tempos modernos senão egos, ofertórios, padrões? O humanismo é uma migalha depositada no coração dos poetas.Fico agradecido com a presença e o peso de seus comentários, sempre positividade, muita paz, beijo.

Luciano Fraga disse...

Biazinha, está mais tranquila?Espero que tudo ganhe o rumo da calma,muito embora o caos sirva para reorganizarmos nossas idéias e trás como saldo mudanças positivas.Conte com minha solidariedade ok? Obrigado pela presença, beijo.

marcio mc disse...

Sobral o egoísmo é um sentimento supérfluo que devora e mata.Muito bem meu amigo, parabéns pelo poema!



Vou me afastar por alguns dias...Estarei viajando.Até breve.

Luciano Fraga disse...

Márcio, obrigado pela visita, tenha uma boa viagem e um rápido regresso ao nosso convívio, abraço.