quinta-feira, maio 08, 2008


LENDAS DO MISTER NEKKO



“este poema e sua horrível estupidez
será uma hedionda música espiritual...”
A. Ginsberg



Farejava lendas
quando recebi o coice
monumental
da codeína .
No canto do vagão quente,
no fundo das tendas,
sobre espúrios balcões,
o fedor,o fedor,
aguardentes e loções,
baratas que transam nas prateleiras
de um boteco apertado
parece que fui sepultado
sob um orvalho lunar...
Num pardieiro
vermes me comem
por dentro,
uma locomotiva movendo-se
lenta
sobre a cremalheira
desfilo
em grande estilo
minhas insatisfações...
Deveria aceitar certos conselhos!
Ocorreu-me de tomar
uma xícara de chá
das mãos de um esmoler,
exímio masturbador...
Admito:
muitos erros não possuem nomes,
como o próprio esmoler,
destilo a papoula
apalpando estrelas
em meio ao clangor
de trincados cristais,
ouço o estalido do fogo
sobre a clave:
a partitura
com sobras de notas musicais,
da marcha fúnebre
para mim
e para meus mitos
ancestrais...



Luciano Fraga

4 comentários:

Zinaldo Velame disse...

"De arrombar", diria Paulo César, eu concordo com essa expressão, e não precisa falar mais nada. Precisamos filmar estas palavras. Abraço, Lu!

Anônimo disse...

eu também " te falo no escuro"
muito bom...

Rounds disse...

Por acaso, este sujeito no quadro seria o verdadeiro Chico Vermelho? Este ser misterioso...

Luciano Fraga disse...

Buenas,não faço a mínima idéia das feições deste tal de chico,sei que é misterioso.