domingo, novembro 11, 2007

No varal


Pendurei minha alma no varal
enquanto minha calcinha escorria
a rima de um beijo bom

Eu não estava vestida para um encontro
quando o chão se fez urgente
e me encontrou
mas estava polvilhada de baunilha
como um doce recém saído do forno
a espera da primeira mordida

Silêncio na avenida ao lado
Cheiro de sexo nas narinas
Mãos de rapina a me desvelar

A madrugada engordou meus sentidos
e fez o céu desabar
em minha boca de alfazema

Amanheceu depois do riso!
E quando o azul já ia longe
bebi as últimas gotas de pêra
que restaram em mim

Amanheceu
e tudo o que pude fazer foi recolher minha alma de fruta
e pendurar no varal a calcinha de jasmim



Mônica Montone



2 comentários:

Anônimo disse...

Esta é uma poesia de fêmea...Linda.

anjobaldio disse...

A Mõnica é uma das nossas grandes poetas.