sábado, agosto 25, 2007

alforriado de mim

Passei minha vida
Aprendiz de Loja Maçônica
que sequer cheguei a freqüentar
esqueci de mim,
sem saber onde me encontrar.

Marcas de sofrimento pelo rosto
testemunhos das auroras que cruzei...
O cabelo prateado nas frontes
besteiras que eu próprio pratiquei...
Os pés embrutecidos de calos
caminhos que um dia alcancei...
A corcunda de que me apresento
porradas que da vida levei...
Pela retaguarda sempre fiquei
sem saber ao certo meu nome:
Basco, mouro,
cristão-novo, mulato
não questiono minha etnia,
sou como sou, de fato.
Fui apenas escravo de meu destino
que eu próprio tracei de compasso.
em Anoldo de Sacrifício me disfarço
para segurar com denodo
tudo aquilo que faço.

Não promovo querela de sapos
coaxando numa algazarra de amargura.
Vivo nessa eterna busca de ternura...

Meus inimigos a espreita
querendo sem custo a jugular
mas o carcás ainda trago a mão.
Sem jamais me importar
com tantos canalhas
e seus discursos de comiseração.


Miguel Carneiro