segunda-feira, junho 15, 2009

Ruela-2008-Neo-artes.blogspot


AR-RASANTE


Com que roupa
ou armadura
devo descer do pedestal?
Fardado e enfadado,
enfiado
em ferraduras de cristal?
Cair é...
Sobejo!
Embora não possa apontar
em nenhuma direção,
desde que sigo despido
e teus tecidos recobrem-me
os primeiros ermos...
Sou um melindre
em Pessoa...
Sem as asas,
como um anjo podado,
meço a altura do tombo
e atiro-me da plenitude
injuriada -mente
sobressaltado...



Luciano Fraga

24 comentários:

Adriana Godoy disse...

Luciano, que queda mais sublime. Ar-rasou de todas as formas sem medidas, anjo podado? imagine se tivesse asas. Um delírio que me desnuda. Beijo.

marcio mc disse...

Um poeta despido vestido das armaduras mais podersas:As palavras.

Grande imagem e poesia.

Luciano Fraga disse...

Adriana,é algo que toca e envolve o nosso ego, não é apenas a queda traumática, a descida forçada de um pedestal, ou de um trono ilusório, mas sair dalí naturalmente, reconhecendo e admitindo seus próprios erros ou fracassos e dizendo para si mesmo;falhei, errei, perdi.Beijo grande.

Luciano Fraga disse...

Márcio, muitas vezes precisamos tirar as roupas e as máscaras,desnudar-se, obrigado, abraço.

guru martins disse...

..."meço a altura do tombo"...

é o mínimo
que se pode
fazer, cumpadi...

muito bom!!

ronaldo braga disse...

lembrei-ne de um texto de Pessoa que mais ou menos diz
todos os meus amigos são super homens
só eu que levo murro na cara.

abraços fraga.
um grande poema.

Anita Mendes disse...

"Sem as asas,
como um anjo podado,
meço a altura do tombo
e atiro-me da plenitude"

já atingiu o céu e agora conquista o inferno . a liberdade do livre arbítrio não tem preço. Aprender com os erros e continuar errando ; viver como se fosse humano. creio que esse é o maior desejo de um anjo caído .
beijos pra ti, lu.
perfeito!
Anita Mendes.

Devir disse...

Eu que aprecio tanto o filme Asas do Desejo, reconheço, quedei-me a Cidade dos Anjos.

Aquele abraço

Susana Júlio disse...

Da queda de um anjo pode nascer outro ser ainda mais sublime mesmo que sem asas...substituidas pelas palavras. Se se partirem...restarão sempre o eco das mesmas nos espaços que preenchemos.
"Roubei" um poema do teu livro Vaga Lumes lá para a Teia de Ariana.

E, como sempre, esta ilustração do Ruela está sublime...entre um Bosch e um El Grieco de figuras esguias... ;)

Zinaldo Velame disse...

Mais um poema forte e com endereço certo, nós. Foi um prazer dividir o campo com você. Abraço parceiro, Dom Luciano!

Luciano Fraga disse...

Caro guru, basta uma "finta" métrica...Abração mestre.

Luciano Fraga disse...

Braga, só leva murro quem tem coragem de se expor e sair na mão ou na marra, abraço.

Luciano Fraga disse...

Anita, entre tropeços, aprendendo e apreendendo, beijo terno amiga.

Luciano Fraga disse...

Devir, duas boas indicações, abração.

Luciano Fraga disse...

Su, muito bom, agradeço a sua generosidade, sem falar do grande Ruela,vou conferir, abraço.

Luciano Fraga disse...

Zina, a saudade era minha,foi muito bom, para culminar terminou empatado... Grande abraço.

bat_thrash disse...

Descer do pedestal é dar a cara a tapa e reconhecer que houve erro de percurso ou avaliação.
Lembrei-me de uma música, que na verdade quem escuta às vezes é minha mãe:
Reconhece a queda
E não desanima
Levanta, sacode a poeira
E dá a volta por cima
Reconhece a queda
E não desanima
Levanta, sacode a poeira
E dá a volta por cima


Beijo grande.

PS: Desculpe-me pelo sumiço, mas ando muito atarefada com a escola. Estava com saudades do teu blog.Hoje dei uma fugidinha só para entrar em teu espaço e ler ao menos um poema. Volto no fim de semana com mais tempo.

Unknown disse...

Lindo demais!

Medir a altura do tombo, do erro, e de tantas coisas que nos aparecem. E encarar o tombo!

Fantástico!

Parabéns,Luciano!

Forte abraço!

Mirse

tania não desista disse...

oi,luciano! muito bom isso!
erros ,enganos, perdas ...fazem parte do percurso da humanidade.
será válido...reconhecendo e aprendendo.
a veste ...pode ser da humildade
com adorno da sabedoria.
despir-se do passado e encarar os novos horizontes...agora com os pés no chão!..o mau estar ...passa com o tempo.
abrçs
taniamariza

Zana Sampaio disse...

então cambaleias com os farpos que escolheste, agora inteiro, por entre as "tentações dos sentidos" - um melindre em Pessoa...ou "mais um caso de poesia", uma "pedra".

Bravo poeta! gostei muito!

Luciano Fraga disse...

Bat_, compreendo perfeitamente, mas estava com saudades sim, beijo.

Luciano Fraga disse...

Mirse, somo meros aprendizes, abraço.

Luciano Fraga disse...

Tania, sabedoria, eis a palavra chave, abraço.

Luciano Fraga disse...

Zana, sigo vagabundo, com meus trapos, versando aqui, acolá, sempre apanhando e tentando aprender, abração.