Ruela- http://neoartes.blogspot.com/
FORÇA MOTRIZ DE UM LOBO
Sigo no sentido inverso,
como num parto ,
retorno ao interior do útero.
Experimento roupas
de embrião
com a porta do vestíbulo aberta.
Olho teus seios duros,
a incerteza beijou
teus ocelos...
Mordo suas orelhas
e sua carne erótica arrepia-se.
Com uma retórica intrépida
sua voz aplaca pressentimentos,
enquanto rumino bancarrotas...
A trovoada assusta
e num reverso de má índole
surge um raio,
a ânsia da criação,
a gênese do coágulo
inunda o ponto vazio de interrogação
da memória concreta.
Agora moro
nas vias do esquecimento,
nada trás de volta o brilho
do meu olhar lacrimogêneo,
já não sinto a vontade abstrata
de renascer neste ciclo
vicioso de coerência...
Luciano Fraga
22 comentários:
"já não sinto a vontade abstrata
de renascer neste ciclo
vicioso de coerência... " O difícil é escolher os versos que mais gosto,qdo leio seus poemas,fico com vergonha dos meus...
beijos ternos e que o talento sempre renasça
Luciano, meu querido e talentoso poeta, um poema desse arrebata, traz à tona todos os sentidos. Posso dizer que este vai entrar para a lista dos meus preferidos. Bravo.
"já não sinto a vontade abstrata
de renascer neste ciclo
vicioso de coerência..." genial!! Beijo.
Mais uma pérola!
Abraço.
arrebatador, belíssimo poema!
abraços
Adriana, poeta queridíssima, como dizem os mais antigos(o que é isso?) uma coisa puxa outra,acredite, seu poema apocalíptico, trouxe este nos destroços da enxurrada, você fazendo escola minha amiga, beijo terno.
Márcia, saiba, você é simplesmente insuperável e ponto.Obrigado,beijo.
Ruela amigo valeu mesmo, pérola é o trabalho acima, belo, abração.
Cosmunicando, suas opiniões são de extremo peso e validade para mim, você, maravilhosa poeta, abraço.
Luciano, não posso deixar de agradecer sua referência a meu poema, e não posso deixar de ficar envaidecida. Isso é mais que um elogio. Obrigadíssima, nem sei o que digo e acho que não mereço tanto.
Esqueci de falar sobre o trabalho belíssimo de Ruela. Parabéns a ele pela obra e a você pela escolha. Beijo.
e que desde então segue pulsando como um relógio
num tic tac que não se ouve
(senão quando se cola o ouvido à altura do meu coração)
tic tac tic tac
enquanto vou entre automóveis e ônibus
entre vitrinas de roupas
nas livrarias
nos bares
tic tac tic tac
pulsando há 45 anos
esse coração oculto
pulsando no meio da noite, da neve, da chuva
debaixo da capa, do paletó, da camisa
debaixo da pele, da carne,
combatente clandestino aliado da classe operária
meu coração de menino
(Ferreira Gullar)
Em verdade, não deixa de ser arrebatador, esse poema. Li poucos de sua autoria, mas este é de um identificação insuperável. Gostei dele, muito.
Parabéns grande poeta Fraga.
Abraços
nada mais vicioso que a coerencia, mas perceber este vicio é a grande interrogação.
fraga belo e surpreendente poema. sei8 que por vem o segundo livro. espero.
Adriana, a poesia quando não é construida de maneira forçada, trás a verdade da alma, ela contunde, causa consequências, gera...Sua poesia tem este poder transformador, portanto merece destaque e respeito sim.Beijo.
Devir enquanto isto vou conduzindo meu coração velho com muito cuidado, enquanto o tic tac neurótico das horas acelera firme em direção ao meu fim.Ferreira é um caso a parte, grande abraço.
Diego, muito obrigado nobre amigo, abraço.
Braga, ser coerente é uma das faces da constatação do acomodamento,aceitação do sono, é o cumprimento da jornada com falsa satisfação.Abraço.
Um puta poema, velho. Sensual, sexual, erótico quase que pornográfico e ainda assim melancólico, feito o álbum pornography do teh cure.
Abração,
Daniel
Se puder d~e uma conferida neste texto:
http://www.amalgama.blog.br/04/2009/frida-kahlo-maravilhosa-e-visceral
Abração
Caro Daniel, muito obrigado, que comparação meu velho (lógico que é uma honra, adoro a banda), com certeza vou lá conferir, admiro Frida e a forma de vida que levou, grande abraço.
Nem sempre o renascimento quer dizer melhor. O grande problema é a conjugação do verbo viver.
Beijo grande.***
PS: Um de teus melhores poemas.
Tão lindo teu poema...é tão incoerente estes ciclos aos avessos...
d. luchiano mandando bala!
buenas!
Bom demais! A cada poema uma surpresa. Palavras bem colocadas com imensa criatividade. Abraço!
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