O AVESSO DO OUTRO
“... minhas feridas sangram com ardor divino...”
Márcia Barbieri
Formigas perfiladas
desfilam peladas
diante de minha solidão...
Carcereiros do inferno,
Guarda - costas pós-modernos
perseguem-me por sete andares e meio.
Eles querem meus testículos
e meus vestígios,
tem alguém que me odeia agora,
eu já ouvi esta voz outrora,
mas renunciei sua confiança.
Como forma de superstição,
vou perfurar o cabaço desta clausura,
ouço um grito de socorro
ecoando do meu próprio umbigo;
é o espírito de porco
com a pele pelo avesso,
encharcado pedindo abrigo,
eu cedo minhas roupas e o agasalho
e passo a dormir despido
sob um céu minado de trovões...
Luciano Fraga
TELA: Jean Michel Basquiat
12 comentários:
mais um poema visceral!
basquiat...genial
basquiat é foda!
e sua poesia também.
buenas!
Essa tela está um arraso!
Somos os Carcereiros do Inferno, pois caminhamos na contramão do paraíso perdido.Nosso pecado está na essência, está na origem...
Bat Kiss.
Eu adoro epígrafes e foi um prazer indescritível ser epígrafe do seu poema,que como já disse antes,fico sem palavras diante deles. Simplesmente maravilhoso e o quadro combina com ele.
beijos ternos
Esse poema nos remete à profundeza do inferno, o nosso próprio. Chocante. A tela também é uma forte referência. Abraço.
Camila, obrigado, abraço.
Márcia,muitas vezes nossos escritos causam consequências que nós não sabemos, foi o caso da sua genial frase,obrigado, beijo fraterno.
Buenas, valeu, obrigado, abraço.
Adriana, realmente, "ninguém sabe a natureza dos meus/nossos infernos diários...", obrigado, abração.
Bat_, somos carcereiros e passageiros da mesma agonia,beijo.
buenas lf,
tem poema no la verga.
abs
Muito bom poema,e a tela então...Grande abraço.
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