domingo, outubro 14, 2007

"A felicidade corre sem parar
bela é uma cidade velha
na velocidade a tarde leva o teu olhar
longe descansar na estrela..."

Fausto Nilo/P. Maia/Ferreirinha






DESTRO


Sou a última noite
indecente
da língua
que percorre a estreiteza
onírica de ti...
O último golpe
fraudulento
contra a beleza intrigante,
o único ponto de encontro
enxuto
de Veneza...
Sou o homem,
despedaçado na desolação.
O último passo descalço,
nu
na fria escalada
do monte Meru.
Sou o pano de fundo,
o risco da cantada
dos pneus,
o gole de consagração.
Sou a última ceia,
a retórica primitiva
na cabeça do gênio
que agoniza,
sou amnésia,
a terceira visão de Tirésia
no altar;
a mulher invulnerável
sepultada
viva;
no que lhe parecer
nobreza,
mesmo sendo na dureza
no bronze
do sino
que repica a tristeza.
Sou o proclamador
de injúrias,
a angústia,
a réstia de astúcia,
a hóstia
no céu da boca
do matador...
Relíquias!
São aqueles que expõem
as peles finas das feridas
ao sol escaldante
das manhãs
de passado medonho.
Sou o presente de grego
na oferenda
da esquina.
O futuro,
quando amanhecer,
com cara de cadáver ocultado,
espero que entendas
a secreta doutrina:
não sejas o primeiro covarde
a correr...

Luciano Fraga

5 comentários:

Ruela disse...

fogo!
que visão.
gostei.

Anônimo disse...

fogo cruzado mesmo!

anjobaldio disse...

Ler este poema e ainda ouvindo LOBÃO, é f... ("puta madre")
Sua poesia está cada vez melhor.Grande abraço.

sandro so disse...

Luciano, disse para o Nelson aí acima que o blog me deu uma surpresa boa: descobrir os belos artistas e poetas de Cruz das Almas. Você me pareceu um deles: forte, incisivo e lírico. Abraço!

Anônimo disse...

Poeta Luciano Fraga,
tou qurendo falar com vosmicê com urgência, me mande seu e-mail
para minha caixa:

miguel.carneiro@bol.com.br ou cancaodefogo@superig.com.br

abraços,
Miguel Carneiro