sábado, julho 07, 2007

A Barca Velha da Linha de Cachoeira

Felisberto Caldeira Brant Pontes,
não estamos mais em mil oitocentos e dezenove
e tua barca de vapor
não vai da Metrópole ao Sertão.
Não sobe mais Paraguaçu...
Dorme num banco de areia
perto da lancha "Albatroz"e seus instrumentos de navegação.
Os motores, que são ingleses,
lá no fundo da Baía naquela imensidão
de algas, sargaços, ferrugens
e o passear da arraia, e ferrão.
Mergulhadores procuram
em meio àquela marola, tempestade com trovão
por tua proa, teu convés
nas águas que vêm de Riachão.
O Jacuípe, porém, corre morto,
desaguando pouco a pouco,
pleno de poluição.
Felisberto Caldeira Brant Pontes,
meus olhos marejados de cegueira,
catarata e solidão...
buscando no porto, em vão,
o atracar da embarcação.
Felisberto Caldeira Brandt Pontes,
dez horas de uma manhã clara
cais do porto Conceição.
Turistas embarcam apressados
aos gritos dum capitão...
Não mais teu vapor velho
e o apito soa-me surdo:
Vou-me embora,
vou-me embora...
Vou-me embora pro Sertão...

Miguel Carneiro


2 comentários:

Braga e Poesia disse...

um poema para que aqueles que não conhecem a história saber que essas coisas já existiram por aqui

Anônimo disse...

Mais um belo poema do Miguel,dando conotação às histórias desconhecidas,procurando manter viva a memória de forma poética.