segunda-feira, julho 16, 2007

17 de Julho


"...ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais..."Belchior


Entre árvores velhas,
alheias,
em meio às folhas mortas,
ao vento,
caminho lento,
para esmaecer o furor,
do obstinado desalento,
da fragrância que exala,
com a tristeza que se esmera.
Eu sufoco com silêncio,
a saudade que encalha,
incisiva,
mastiga
os dias
cariados da cidade,
com a insolvência desta vida.
Suas dores tortas,
suas pernas latentes,
as sirenes incertas,
as crianças doentes...
A morte une.
O tempo colhe,
esfola, desespera,
agasalha.
As pedras choram,
a lápide espera,
imóvel,
o ser que dorme,
terrivelmente pálido,
entre cravos e bromélias.
A terra tem pressa,
fria e soturna,
ignora,
o lamento que ecoa,
a lágrima que orvalha
clara,
espreitando a face
de quem nunca esquece...

Luciano Fraga

Réquiem para Sr. Fraga.(meu pai, falecido nesta data)

4 comentários:

Luciano Fraga disse...

Ronaldo,você lembra que sr. Fraga leu seu primeiro conto?

anjobaldio disse...

Belo poema Buenas LF. A beleza sempre foi trágica.

Anônimo disse...

claro que lembro de todo incetivo do seu pai, uma figura inesquecivel, seu Fraga era um homem preocupado com o mundo ao seu redor e um humanista.

Anônimo disse...

escrevi uma palavra errada aí no comentário de cima