sábado, junho 16, 2007

Inverno


Debaixo da chuvarada
ele avança para casa
depois de cruzar a ponte( um céu verde escuro)
2 ou 3 casas ainda
na esquina ouvindo um finíssimo violino e
lembrar os anjos fatigados de Kerouac.
Chegando, comtempla-se
estranhamente
num espelho com gramofone
junto a cama.
Deixarei você em suas alucinações
trago uma lanterna
violeta na mão esquerda;
você uma roseira repleta de
alguma coisa que inflama violenta.
Estou aqui furtivamente
nesta casa de néctar
preso
nas paredes nos móveis:
seu corpo mente para
o meu desde
que vi sem volta
a dor retrato das horas
um perfume feroz corrói
nas tripas
teríamos então um instante para
desfazer pertubações, mas
meu beijo vem da flor de láudano.
não quero você
nas explosões de bolhas brumas -
meus olhos abertos
cicatrizam suas bobagens
sem
fim.


Nelson M. Filho



Chegam as tempestades!
badalos-latinos
dentro da madrugada saturada
estrangulei borboletas após espreita
feito gato cujo olhos movem negras
transparências
e minha sombra
entre
salamandra-gonzos.
Chegam as tempestades! Dilaceração da alma.
O rélogio submerso na memória
verte a carne;
as horas vergadas, o leite
do ventre ao chão
veludo negro entre
as coxas
e um jorro inundando meu caralho.
Você assim:
quadris quente
répteis sedosos de sangue
até gemido.
Uma lenda de sereias que fodem,
e não dormem.
O incesto afogueia-me
quando cruas afundas
no desejo.
retorces em mim
sabor incerto.
estou girassol com náusea,
provo do meu rosto
oceanos
migalhas.
Nossas unhas arrancadas por montros
por pastores
nas entranhas do bosque
carrega-te o impreciso sinal da morte!
Rezo tragando flores
num vômito de sêmen,
empurro com a brutalidade das cicatrizes
as negras portas do céu em víceras
não me deixes, não me deixes...

Nelson M. Filho



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