segunda-feira, abril 16, 2007

VESTÍGIOS

“...Não se pode ser normal e estar vivo ao mesmo tempo.”
Lobão

Sou marcado
pelos coices dos meus desígnios
e minhas tíbias quebradas
são como algas
malvadas
que laçam palavras
ressecadas
pela sede que mata
em goles de encruzilhadas...
Ouço zunindo feito abelhas
o coro dos moribundos
resvalando sobre as telhas
na pausa
das alvas asas.
Triste
como bicho da seda
enfio o dedo em riste
nas pústulas
da tua cara
dúbia, lavada...
Continuo cavando,
cavando
enquanto estoura
o foguetório
velhas beatas e santas
ensaiam o mesmo repertório
profano
após jogarem as pragas
prossigo
tocando a gaita
esmagando o sonho
que assalta
o êxtase
que arrebata...

Luciano Fraga

4 comentários:

anjobaldio disse...

Puta madre, Buenas! Parabéns pelo Blog. Grande abraço e vida longa.

Braga e Poesia disse...

um blog precisa não ser virgen e eu estou deflorando todos os textos de verso perverso.

Anônimo disse...

e esse popema eu não conhecia, mas nada tenho a falar além de: "após JOGarem as pragas, prossigo, tocando a gaita, esmagando o sonho que assalta, o extase que arrebata", Nietzsche disse no livro, para além do bem ou do mal, que é preciso se amar com desprezo para se amar muito e com sinceridade. esse poema tem alguma coisa disso, esse poema é um poema potente um discurso nobre.

Anônimo disse...

Perversos e arrebatadores, gostei...