quarta-feira, janeiro 09, 2008

FOZ, poema de Luciano Fraga




Foz


Sou a embocadura
das mortes,
mas um aviso aos agonizantes:
sou uma paisagem inadequada
para a deposição dos seus restos
mortais.
Sou um vórtice,
indiferente a qualquer segredo,
no fundo,bem no fundo
dos seus olhos
de vigília
nada vejo,
nem ouço,
sequer uma voz
enternecida
a dizer-me:
abandonas este osso.
Como um inseto
aguardo paciente
sob um móvel polido
a chegada do sangue
noturno,
como uma muamba,
pernoito
sob os escombros
dos contrabandos,
desguarnecida,
a dor
persiste lutando
nas raias das piscinas,
então busco
outras águas
sossegadas
para espalhar
minhas cinzas,
bem longe,bem longe
de mim...



Luciano Fraga



6 comentários:

anjobaldio disse...

É isso aí Buenas. Apenas um poeta sozunho divagando sobre suas coisas. Não importa mais nada. A vida é triste, mas a gente vai tentando sobreviver. Grande abraço.

Luciano Fraga disse...

Buenas,é isto mesmo,um pretenso poeta "dizendo seus versos com sinceridade".

Ruela disse...

mais um excelente trabalho,
parabéns Luciano!

Luciano Fraga disse...

Ruela,muito obrigado,amigo.

Anônimo disse...

parabenizo-o pelas palavras bem coladas, e achei interesante o seu ponto de vista.

Luciano Fraga disse...

Caro Jhonn h. obrigado pela atenção,estou tentando separar o joio do trigo, aquela idéia de "eu" e "outro" entende?Abraço.